Por que 8 em cada 10 profissionais de finanças não querem mudar de emprego?

Área passa por reestruturação na pandemia com 'dança das cadeiras' de cargos para manter o funcionamento dos serviços

Giovanna Sutto

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O desafio de preencher vagas ociosas com profissionais qualificados não está restrito apenas ao setor de tecnologia. Áreas de finanças, que incluem bancos e serviços financeiros, já passam por esta mesma situação.

Pesquisa recente do PageGroup, consultoria global especializada em recrutamento executivo, mostra que oito em cada dez candidatos do sistema financeiro não estão dispostos a trocar de emprego.

“As pessoas trocaram muito de emprego nos últimos 9 a 12 meses e não querem mudar novamente”, diz Juliana França, gerente sênior da área de bancos e serviços financeiros da Page Personnel e Michael Page.

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França explica que, na fase mais crítica da pandemia, as empresas movimentaram as posições da área financeira para manter o sistema funcionando. “Isso fez com que hoje as pessoas tenham menos de um ano de casa, e não queiram partir para um novo trabalho”.

A vontade de ficar na posição atual, segundo França, não significa que as pessoas não querem mudar de área “por estarem felizes ou adequadas nas empresas”. Tem mais a ver com o tempo de trabalho na atual empresa.

“O mercado financeiro é mais tradicional. Ficar menos de um ano na empresa marca o currículo e você precisará explicar os motivos dessa saída repentina. Precisa ser uma decisão muito boa de salário, ou algum caso de oferta irrecusável. Se não for nada disso, essa mudança pode ‘queimar o filme’ do candidato”, detalha.

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A análise da Page Personnel mostra que, entre as principais causas da recusa, estão as frequentes contrapropostas salariais, promoções ou até mesmo movimentações dos executivos para outras áreas da empresa. Esse novo cenário acabou causando um “apagão de mão de obra no setor”, impactado pela falta de profissionais mais qualificados e processos seletivos mais longos.

Efeito no processo seletivo

A elevada taxa de contraproposta salarial oferecida pelas empresas em que os profissionais já estão tem pesado na conclusão das contratações.

“Estamos falando em 60% de ofertas. E quase que a totalidade delas é revertida em retenção do candidato”, diz a gerente.

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Como consequência, o prazo para a conclusão dos processos seletivos têm aumentado. “Se antes conseguíamos encerrar uma contratação em até um mês, agora, esse processo tem levado até 90 dias para ser concluído”, revela França.

“Tivemos de ampliar o mapeamento de candidatos, ter um olhar mais acurado e buscar novos talentos com esses perfis mais técnicos até em outras áreas”.

Nesta equação também entram a inflação salarial, preenchimento de cargos por pessoas menos experientes e qualificadas e pacotes de benefícios mais flexíveis.

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“A realidade dos contratantes mudou. Agora eles precisam lidar com salários, em média, 25% mais altos, se quiserem tirar um candidato da concorrência. Profissionais mais júniores estão ocupando posições anteriormente dominadas por pessoas mais experientes”, afirma a executiva.

“Essa nova dinâmica implica em treinamento, qualificação e definição de atribuições desses novos profissionais. Outro aspecto é a oferta de benefícios. Empresas que não oferecem vagas híbridas perdem muita atratividade”, completa.

Cargos mais buscados

Entre os cargos mais difíceis de serem preenchidos, neste momento, são os das áreas de crédito, controladoria, vendas e planejamento, segundo estudo de remuneração da Page Personnel, publicado como tendências para 2022.

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Nos cargos destacados, as médias salariais variam a depender da empresa e da experiência do profissional. Confira:

Área Cargo  Salário 
Crédito Analista Júnior de Risco de Crédito Entre R$ 4.500 e R$ 6.500
Crédito Analista pleno de Crédito Entre R$ 7 mil e R$ 10 mil
Crédito Gerência de Risco de Crédito Entre R$ 30 mil e R$ 75 mil
Controladoria Analista Júnior de Controladoria Entre R$ 3.500 e R$ 5.500
Controladoria Coordenador de Controladoria Entre R$ 10 mil e R$ 16 mil
Controladoria Diretor de Controladoria Entre R$ 26 mil e R$ 46 mil
Vendas Gerente Nacional de Vendas Entre R$ 18 mil e R$ 28 mil
Vendas Analista de Comercial Sênior Entre R$ 7 mil e R$ 21 mil
Planejamento Analista Júnior de Planejamento Financeiro Entre R$ 3.500 e R$ 6.000
Planejamento Controller Entre R$ 12 mil e R$ 35 mil

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.